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BBB, abandono afetivo e fake news, esse texto não é uma lacrada, e esse título já ta gigante.

Atualizado: 2 de mai. de 2021


A Ameaça Fantasma

Em 2002 começava o programa Big Brother Brasil e sem saber muito bem como seria, a família brasileira começou a acompanhar o reality. E esse textículo pretende abordar o BBB fora do BBB... Eu acho.

Eu tinha meus seis anos bem vividos, completamente dona de mim e com opiniões formadas. Morando na casa da minha vó, todos os sete integrantes dessa nave muito louca (eu, meus avós, tios, primo e bisa) religiosamente nos reuníamos para assistir ao programa. Uns assistiam para reclamar da futilidade, outros para ver mulheres ''gostosas'' e eu, em particular, só via por ver, estava mais preocupada com ep. de Dragonball no dia seguinte. Sem dúvida a primeira edição continua relevante para a história do programa principalmente por apresentar algo que iria ocorrer em várias edições seguintes como a Jornada Do Herói.

Como sabemos pois não somos suínos sem cultura, o programa fez tanto sucesso que ainda no mesmo ano, teve sua segunda edição.


Essa edição, foi responsável por personagens que transbordavam entretenimmento de duas vertentes mais extremas possíveis: A aeromoça Cida que inaugurava outro popular tipo de participante dentro da casa, a sensitiva que ouvia vozes, falava com animais que se aproximavam e o meu caso sobrenatural mais interessante de BBB -ter ouvido sua irmã, 15min antes de sua morte. Tivemos também muita safadeza e sussessagem em horário nobre dos casais e apelatividade emocional do vencedor Cowboi 1.0. Pulando isso, quero apenas me ater à personagens específicos de algumas edições.

No outro espectro importante do entretenimento tinhamos Tina, uma personagem Chaotic Evil onde apenas recentemente o brasileiro está aprendendo a valorizar em realities. Deu vida à classicos mesmo tendo saindo na segunda semana, entre eles o PANELAÇO e a confusão do boné sumido onde alguns participantes acabaram jogando as roupas da nossa heroína na piscina.

Tina com essa maquiagem está te lembrando algo, caro leitor?


Seguindo com as edições, o BBB3 prometeu e cumpriu, a estréia de um personagem estrategista como Jean Massumi que levou o casal mais querido para o paredão. Dilsinho Mad Max eternamente lembrado como o ex BBB que pediu pra sair e praticamente não é exBBB., Juliana que mais tarde virou atriz famosa. Enquanto isso, dentro e fora do BBB falávamos coisas púniveis de apedrejamento público -de certa forma, literalmente- nos dias de hoje. Olhando para trás, nós como sociedade tivemos um salto muito rápido de conceitos, de idéias. Em menos de vinte anos tudo mudou e as edições estão completamente datadas.

''Tá mas Elle, cadê o abandono, cadê as fake news??''


Calma, estou montando o caso meritíssimo, e se você está lendo com vontade, já começou a identificar coisas muito parecidas com o fenônimo bolsonarista de ser.


O Ataque Dos Clones

Por anos o BBB continuou religiosamente no ar. Continuei acompanhando com minha família, mas só a família. Se você sem querer, ousasse mencionar que assiste BBB em uma roda de amigos, era escurraçado, julgado, e a sentença era que você é alguém sem cultura, sem o que fazer, à margem da sociedade. Sentia que vivia no armário, entalada.

Todas as minhas referências para explicar minha família vinham do programa. Além de viver com uma família numerosa, ela ficava maior ainda quando íamos para alguma casa de praia. Era BBB raiz, BBB sem câmeras. De vez em quando até brincávamos que iríamos votar para eliminar algum familiar por motivo x ou y.

Com isso, eu fui crescendo e o BBB foi perdendo sua força, mas o que não diminuía era a rejeição dos pseudo intelectuais pelo programa. Não me entenda mal, não acho que o BBB é importante pois se você analisar o programa e seus participantes, yadayadayada... Acho apenas que é importante pro meu cérebro receber uma dose de absolutamente nada. Apenas uma briga por um nugget escondido, uma sunguinha branca. Torcer para alguém se ferrar pelo motivo mais banal, mais torpe possivel. É tipo jogar videogame. Escapamos do mundo por um momento e nos entregamos à instintos selvagens.

BBB4 - Cida foi vencedora e o BBB6 - Mara levou o prêmio- incomodando muitos com o pensamento que apenas foram premiadas por serem pobres ou por ''precisarem mais'' do dinheiro que outros participantes. BBB 5 - Jean Wyllys, primeiro participante abertamente gay pois como eu disse antes, até aqui, existia um taboo sobre esse assunto e outros no programa.

Todos esses assuntos, sendo discutidos de maneiras boas e ou ruins, justas ou injustas. O grande público do BBB, o famoso público ''sofá'' em sua maioria formados de senhoras e senhores mais velhos absorvendo tudo e assim como eu, de certa forma, sem poder conversar sobre o programa, sem trocar outras visões do jogo.

Para termos noção da mudança rápida de discursos e pensamentos, no BBB10, tivemos a volta de alguns ex BBBs e a divisão entre tribos (bem High School Musical).

Uma grande bolha achava um absurdo ver ou sequer mencionar BBB, outra, gritava ALOKAAaa!

Uma subestimando a outra. E a internet começa a discutir sobre, imagens insuportáveis falando como a Globo era um lixo e desenhos maravilhosos de pessoas inteligentíssimas sendo sugadas por uma TV passando BBB. Por outro lado, o primeiro influencer entra na casa -Serginho, e é formada a grande Máfia Dourada.

Aos poucos, eu fui me distanciando do BBB pelo simples fato de não ter mais o porquê gastar um tempo que eu estaria jogando com meus amigos e nem poder discutir minhas teorias malucas, a maioria das pessoas que eu curtia saía logo. Os vencedores começaram a ser pessoas que me incomodavam.

Mas aí que aconteceu algo que mudou tudo. Comecei a notar que aquilo me dava assunto com as pessoas mais velhas da minha família e como elas ficavam felizes em conversar sobre. Meu avô mantinha um caderno com o recorte de jornal sobre os participantes e quem votou em quem; religiosamente ele estava na rua dando sua opinião sobre o programa. Minha avó começou a me agradecer e falar que não tinha assunto com as outras pessoas. (isso não é uma fic). Conforme o tempo e os BBBs foram passando, mantive a tradição, chegando à ser comum ligações para tias no meio da madrugada para reclamar de alguém em uma prova de resistência.

Todos aprenderam como usar a internet para votar nos participantes e o whatssapp para fazermos ligaçõs pós programa.

Isso foi muito útil para uma tia minha que precisou ficar acamada e sem falar por conta de uma doença, o BBB a distraía muito durante o período de recuperação, mesmo sem poder falar, ela tinha uma plaquinha e caneta para se comunicar nas horas das ligações de vídeo sobre o programa. Ela se recuperou porém, pouco tempo depois ela ficou muito deprimida por motivos pessoais e não via a hora do BBB recomeçar. Infelizmente, faleceu um mês antes mas ainda lembramos dela com muita alegria, principalmente durante a época de BBB.




A Vingança Dos Sith

Nessa fase, a maioria dos jovens que viam BBB, tinham alguma ligação bizarra fanática com fandoms de participantes e o programa teve duas vitórias de certa forma non gratas pela Globo. Emily e a menina do porco. Em paralelo as fake news e o fanatismo por Bolsonaro fervilhava.

Na sua maior parte, pessoas com mais idade são responsáveis pela disseminaçao das notícias. Comecei a associar isso com a falta de interação entre as faixas etárias, comecei a conversar mais e mais com pessoas de idade e notar quão importante é a questão de fazer com que os mais velhos sejam introduzidos à nossa vida e o contrário também.

De certa forma, por ver o BBB e discutir sobre tornou minha família vacinada contra o bolsonarismo e à fake news. Quer dizer, em parte, já que meus avós não se aguentam e discutem com todos os amigos da ''velha guarda'' por eles mandarem fake news.


Já o Brasil, começou a revisitar esse clássico do entretenimento muito por conta da pandemia. Bandeiras sobre como o programa era uma releitura da nossa sociedade atual e por isso, era importante ser consumido, foram levantadas mas aos poucos, graças ao Gugu,

isso também vai caindo por terra.

Ver o BBB apenas por ver, algo instintivo como olhar um acidente. Ver também pelo entretenimento assim como escutar uma briguinha entre vizinhos, fofocar sobre algum primo seu. O saboooor...

Assim como coisas ruins, a internet também começa a finalmente, oferecer coisas boas sobre o programa (não só BBB mas também uma miríade de outros programas vistos como banais por pseudo intelectuais). De alguns anos para cá, canais de discussões foram criados abertamente, particularmente o meu favorito sendo OBQDC .

Ao mesmo tempo, vemos a taxa de eleitores do nosso futuro ex presida Bolsonaro cair eee claro, nosso presidente Lula voltar à ser elegível. O trabalho de conscientização em prol do entretenimento é de formiguinha, mas foi assim que meus avós mandam algum velho ir à merda e gifs de Jesus com Glitter no Whatssapp.

Assista BBB com seus velhos (nada contra A Fazenda, Power Couple e em breve, novamente NoLimite ).

Beba àgua.


Espalhe a palavra.



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