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Foto do escritorElle Oliver

Mas chegou o Carnaval…

...E ela não desfilou...


Grande Música

Desde pequena, sempre amei me fantasiar. Não reclamava de nada que colocassem na minha cabeçona de bebê. Chapéus, orelhas, saias e bandanas com moedas douradas... Conforme fui crescendo, passava o carnaval com parentes em casas de praia na região dos lagos do Rio de Janeiro. Algo típico do carioca médio. Enquanto isso, meus pais ficavam no Rio para desfilar. No dia do desfile, eu acompanhava do inicio ao fim, com mesas de petiscos como pastéis, pipoca e doces. Volta e meia eles apareciam, volta e meia a Globo nem filmava a ala ou até o carro.


Um clássico


Rede Esgoto

É unanimidade que a Rede Globo - obtém o monopólio para a transmissão do carnaval

na Sapucaí - segue impressionando a população conseguindo piorar a transmissão a cada ano. Mal e porcamente filmando apenas a comissão de frente até ela passar do meio do desfile e depois, correm para mostrar as alas. Desacelerando apenas em alguns famosos. Antes mesmo do desfile acabar, já param de filmar para entrevistar maaais famosos e pessoas que já terminaram de desfilar como comissão de frente. Aí, pedem maaaaais uma palhinha do que ficamos assistindo por 50 min, já que foi a única coisa que filmaram.

Repetem isso em todos os desfiles, todos os anos. O que muda e muitas vezes piora, são os apresentadores. Os bons ficam no chão entrevistando famosos que ninguém quer saber e, os medianos para baixo, ficam no estúdio. Erram nome de agremiações, não explicam sobre as alas, falam coisas desnecessárias... Claro, em nenhum momento quaisquer dessas coisas são aplicadas ao nosso Elton John: Sir Milton Cunha.


Muitas plumas fuê e faisão - LUXO


Faculdade


O carnaval carioca me influenciou muito: com meus pais e tios desfilando, eu lia os enredos, alas e sambas (o cd, sempre sai no dia do samba, 2 de dezembro). Isso me ajudou pra caramba em aulas de História por exemplo: guerra de canudos? Peraí que eu vou lembrar o samba na minha cabeça e responder. Balaiada? Aquele fdp do Duque de Caxias...

Me influenciou esteticamente, acho que não preciso exemplificar isso. Quando me formei no ensino médio, me inscrevi no curso de Carnaval, cenário e aviamentos. Passei até em primeiro lugar! Pena que só tinham dois inscritos (rsrrsrsrs) então o curso fechou e eu tive que escolher qualquer outra bosta.


Tudo é uma merda.


Aliás, ainda tenho esse sonho. Não de fazer faculdade rsrs

Se alguém pronunciar jogos universitários...


...Mas de trabalhar com o carnaval. De vez em sempre brinco de fazer enredos, desenhar fantasias e carros. Esse ano, pensei no enredo A Arte Na Loucura. Nele, contaríamos a história de artistas famosos que foram diagnosticados com algum tipo de doença da mente. Exploraríamos suas obras bem como a forma que a loucura era tratada antes e agora. Para isso, conheceríamos os artistas: Bispo do Rosário, Profeta Gentileza, Van Gogh, Edvard Munch, Goya e Yayoi Kusama. Além dos artistas, entraríamos no cenário da doença vs cura onde se encontrariam Nise da Silveira e Omolu. O tom seria mais sóbrio e terroso, com esculturas em diferentes materiais (principalmente com tecidos). Carros que evocariam tanto a imaginação quanto a emoção.




Desfiles


Um GRANDE problema desse ano de 2023, foi a falta de uma comissão de frente emocionante. Algumas só serviam para serem apresentadas aos jurados -onde as pessoas do lado oposto nem sequer conseguiam enxergar o que estava acontecendo por causa do tripé da comissão- Aliás, existiu uma certa tara em colocar o tripé mesmo quando ele ficava ali, vazio, triste e esquecido na maior parte do desfile.

É inegável como o Paulo Barros mudou muita coisa entre elas: plasticidade, segurança nos carros mas o principal: Comissões de Frente.


Outro sonho de trabalhar no carnaval seria de implementar mais segurança e respeito às escolas na avenida. Esse ano tivemos o clássico caso de desrespeito à tradição da velha guarda por uma influencer. No final das contas, ela foi convidada por Camarotes para ir ''assistir'' aos desfiles -com muitas aspas em assistir já que a maioria das pessoas que estão nos camarotes só querem dar close e assistir à shows que acontecem ao mesmo tempo dos desfiles ali dentro- Seria até menos pior se eles se concentrassem nisso mas infelizmente, quando cada escola termina de passar, eles se acham no direito de invadir a Marquês de Sapucaí para dar seu close: sambando e atrapalhando os trabalhadores da COMLURB que tentam limpar com eficiência e rapidez. Quase são atropelados por carros de limpeza e apoio enquanto tiram suas fotos. Para piorar, muitas vezes não conseguem voltar para os esgotos de onde saíram e ficam ali, atrapalhando. Às vezes se espremem no recuo da bateria, outras contra as grades. Volta e meia, são espremidos por carros na hora do desfile, penalizando as escolas, passam no meio de alas inteiras ou pior: fingem que são algum folião. Sério, fora da internet, principalmente ali onde todo mundo quer ver o carnaval, ninguém liga pra você (Vide Rede Globo e sua cobertura).




Ainda tem o excesso de pessoas do ''apoio'' da escola. Que em muitas vezes não apoiam absolutamente nada (um salve pros que apoiam, possuem fitas, colas e chicletes rsrs)



Cultura!


Além de conhecimentos históricos, também tem muita cultura. Nos bloquinhos do bairro existiam as fantasias clássicas: O MACACO ˜sem alma e sem coração~ se tratava de uma fantasia à la Fursuit, de um macaco preto, peludo e mascarado. Era comum quando passávamos em frente de lojas com fantasias, a roupa do MACACO estar na frente e, de vez em quando, alguém estar dentro dele para pregar peças em quem passasse.


O homem macaco não tem alma e nem coração


Tínhamos o Morcegão e o Diabo. Eram basicamente a mesma fantasia, uma em preto e outra em vermelho, ambas com o rosto tampado para encher o saco e curtir sem que a pessoa fosse reconhecida.

Pena que tem pouca foto desses


Não vou me estender à todas mas recentemente, notei que pouca gente conhece a fantasia mais tradicional de bairro: o Bate-Bola / Clovis.

Antigamente, e olha que eu não sou tão antiga assim, o carnaval era mais curtido dentro dos nossos bairros. Tinha sempre uma gente de MACACO, Morcegão, Diabo, Pai-João, Japonesas (uma especie de Clovis com máscaras de gueixas) e os Bate-Bolas. Todo ano, o grupo de bate-bolas de cada bairro decidem seu tema e colocam em prática a fantasia do grupo, geralmente inspiradas em personagens da cultura pop. Para ajudar no dinheiro (são roupas EXTREMAMENTE CARAS) realizam churrascos, festas e uniformes. Quando chega o carnaval, eles saem juntos e fazem a festa: batem com suas bolas de plástico no chão e até em pessoas que queiram se vingar(antigamente eram bexigas de bode), falam com vozes diferentes e assopram o apito na máscara. Dependendo do tipo de fantasia do ano, rodam suas saias, seguram sombrinhas e leques ou até carregam bonecos. Cada turma tem um nome: Sensação, Celebridade, Zorra Total, Constelação etc. TODO mundo quer ser um bate-bola. Em 2012, os Bate-bolas foram declarados Patrimônio Cultural Carioca.

Adoro quando a temática é Zelda, além dela, tem várias outras no Tiktok @bateboleironato


Tudo feito à mão, essa foi pelo Leozito, deem uma olhada no trabalho dele.

Adoro os da chupetinha

No final, o carnaval é uma época do ano necessária para que as pessoas sejam artistas. Ele tem suas próprias leis e costumes, passadas de geração em geração. Na Sapucaí, as tradições são sempre muito respeitadas mas a inovação é muito bem vinda.

Permaneçam bem, permaneçam seguros, até o próximo carnaval!



Menção Honrosa: Dudu.

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